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Estátua de Marcílio Dias 

Estátua de Marcílio Dias

 

Marinheiro negro, nascido livre em Rio Grande no ano de 1838. Lutou na Guerra da Tríplice Aliança (Guerra do Paraguai). Faleceu em junho de 1865 por decorrência da Batalha do Riachuelo, sendo reconhecido como herói nacional por sua destacada valentia.

Em 1936 é fundado na cidade de Rio Grande o Centro Cultural Marcilio Dias, por iniciativa do rio-grandino Carlos Santos (advogado, deputado estadual, sindicalista e primeiro Governador negro em exercício no RS), com o objetivo de promover a alfabetização da comunidade negra local.

 

* * * 

 

Marcílio Dias foi um homem negro nascido no ano de 1838 na cidade de Rio Grande, sendo filho de Manoel Fagundes Dias e Maria Pulcena Dias. É considerado um dos primeiros heróis da nação.

Em 30/07/1855, aos dezessete anos, foi recrutado à força pelo juiz municipal de Rio Grande e remetido para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Armada Imperial brasileira (Marinha de Guerra) e tornou-se marinheiro de 1ª classe (Nascimento, 2015). Sua figura vai se tornar conhecida durante a Guerra do Paraguai (Guerra da Tríplice Aliança), conflito ocorrido entre 1864 e 1870 e que foi marcado, entre outras coisas, pela grande participação de homens negros nas fileiras das forças armadas brasileiras. 

Marcílio Dias morre durante a Batalha do Riachuelo, em junho de 1865, em um sangrento conflito no qual a força naval brasileira enfrentou, em condição de desiguais, um  número superior de navios da Marinha paraguaia. Após a batalha, Marcílio é lembrado, por um oficial presente, pela sua destacada valentia demonstrada durante o combate corpo a corpo.

A Guerra do Paraguai foi um marco na construção de um sentimento de nacionalidade brasileira, o qual não havia ainda brotado desde a Independência em 1822, momento no qual a imprensa passou a construir as imagens dos primeiros heróis militares do país. Interessante lembrar que Marcílio Dias fugia da figura dos "grandes heróis" tradicionais, já que era um homem negro, pobre e com possível antepassado escravizado, um marinheiro comum (tinha apenas a patente de marinheiro de 1ª classe, com especialização em artilharia).

Mas é igualmente importante lembrar que Marcílio Dias estava longe de ser uma excessão nas forças armadas brasileiras no século XIX: estas eram formadas em grande parte por homens negros livres, muitos dos quais ex-escravos, ou mesmo por escravizados fugidos se faziam passar por livres e engajavam voluntariamente para assim fugir do cativeiro (Kraay, 1999). Ao mesmo tempo, não existiram oficiais negros na Marinha brasileira do século XIX e de princípios do século seguinte.

Em agosto de 1865 a Marinha brasileira lança o primeiro navio com o nome de Marcílio Dias, em homenagem ao herói da Batalha do Riachuelo.

Já em 11/06/1936 é instalado em  Rio  Grande o  Centro  Cultural  Marcílio  Dias, criado basicamente para alfabetização da população negra da cidade, por iniciativa do destacado riograndino Carlos  Santos, advogado, deputado, sindicalista e primeiro Governador negro em exercício no RS (Gomes, 2017). Tal agremiação funcionou no espaço___, sendo responsável por criar ao menos duas escolas vinculadas a entidades carnavalescas  negras (Loner, 2009). O nome de Marcílio é evocado como forma de reconhecimento ao ilustre antepassado da cidade negra de Rio Grande.


 

Bibliografia:

 

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civ. Brasileira, 2003.

 

DORATIOTO, Francisco. Maldita guerra: nova história da guerra do Paraguai. São Paulo: Cia das Letras, 2002.

 

GOMES, Arilson  dos  Santos. Carlos  da Silva Santos e suas práticas políticas  contra  a discriminação  racial em clubes sociais  no estado do Rio Grande do Sul (1959-1974). In: PAIXÃO, Cassiane de F; LOBATO, Anderson O. C. (orgs). Os  clubes  sociais  negros  no  Estado  do  Rio  Grande  do Sul. Rio  Grande:  Ed.  da  FURG,  2017. [recurso  eletrônico]

 

KRAAY, Hendrik. “O abrigo da farda”: o Exército brasileiro e os escravos fugidos, 1800- 1881. Afro-ásia, n. 17, 1996, pp. 29-56.

 

LONER, B. A. A Rede associativa negra em Pelotas e Rio Grande. In: SILVA, G. F. da; SANTOS, J.  A.  dos;  CARNEIRO,  L.  C.  da  C.  RS  negro:  cartografias  sobre  a  produção  do  conhecimento. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. p.246-261.

 

NASCIMENTO, Álvaro Pereira do. O marinheiro negro Marcílio Dias: as muitas memórias de um cidadão exemplar. Navigator: subsídios para a história marítima do Brasil. Rio de Janeiro, V. 11, no  21, 2015. p. 84-95.

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